Publicado em 20/06/2017, às 11h06 por Lô Carvalho
Resolvi que estaria em um jardim e que teria muitas flores ao meu redor. Muitas mesmo. E já que tinha flores, era importante ter chuva. Já sabia que as plantas precisam de água para sobreviver. Senti orgulho de mim mesma. Além de saber desenhar, era esperta: conhecia os fatos do mundo… O que eu não sabia realmente, no alto dos meus 5 anos, era que as pessoas não eram iguais umas às outras e que nem todos pensavam como eu.
Minha mãe olhou para o meu desenho, um retrato solicitado pela professora da minha turma do pré, e logo comentou: “menina, onde é que tem flor aqui no seu quarto?! Sua professora pediu um retrato, era só se olhar no espelho e desenhar, tá tudo errado…” Fiquei constrangida, chorei, já era tarde, passava da hora de dormir. “Leva isso mesmo e amanhã você se vira com a professora”. Dormi, preocupada.
No dia seguinte, na escola, tive que ouvir: “Mas por que chove dentro da sua casa?!”. Não tinha o que explicar… Fiquei constrangida, mas não chorei. O desenho tinha ficado tão bonito… Leniente, tive que passar o intervalo do recreio (re)fazendo o desenho. Eu e mais dois meninos com cara de levados que, obviamente, sequer tinham feito a lição de casa.
Acredito que tenha sido neste dia que tenha começado a perceber que nem todos pensam igual a gente , pior ainda, que nem todo mundo se interessa pelo que você faz ou tem a dizer. Não somos tão especiais assim, desconfiei.
Esse episódio da minha infância e da minha vida escolar me marcou profundamente. Carrego-o no meu coração e às vezes tenho a impressão de que ele foi um dos motivos pelos quais escolhi ser professora. Cheguei a acreditar que poderia fazer a diferença e acho que para muitos dos meninos e das meninas que passaram pela minha sala de aula fiz efetivamente alguma.
Outro dia, porém, aconteceu algo curioso: levei minha sobrinha à exposição “Frida e eu” a convite da Pais & Filhos. Trata-se de uma exposição interativa especialmente planejada para colocar a criança pequena em contato com o trabalho desta inusitada artista mexicana. E a exposição também é toda ela inusitada. Mais do que as obras, o que encontramos são os princípios do seu trabalho e suas fontes de inspiração cuidadosamente apresentados para o público infantil.
Em um cantinho isolado, somos convidados a sentar no chão sobre pequenas almofadas coloridas e só escutar. O que mais ouvimos é o canto dos pássaros. O texto que acompanha a instalação esclarece: como passou muito tempo em repouso, deitada na cama sem poder se mexer, o mundo exterior chegava até Frida através dos seus ouvidos.
Convidei Carol para fechar os olhos e imaginar o que desenharia a partir daquilo que estava ouvindo. Ela respondeu: “muitas crianças juntas rindo e correndo”. E eu pensei: e o som dos pássaros, dos macacos e da natureza que tínhamos acabado de ouvir?!
Logo mais adiante, em uma cadeira especial, colocamos os braços e as costas apoiados e apertamos um botão. O que vemos são chapas de raio-x com ossos. “Serão os nossos?!”, perguntei para a Carol. “Claro que não, são os da Frida”, responde ela, esperta.
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