Publicado em 15/02/2022, às 10h59 por Redação Pais&Filhos
Uma bebê prematura, pesando pouco mais de 750 gramas, foi a primeira recém-nascida no Brasil a realizar um cateterismo cardíaco. O procedimento foi realizado na última sexta-feira, 12 de fevereiro, no Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, em São Paulo.
Rebeca nasceu de 27 semanas, sendo considerada uma prematura extrema, por ter nascido antes da 28ª semana de gestação ou sétimo mês. Pouco dias após o nascimento, a recém-nascida foi diagnosticada com PCA (Persistência do Canal Arterial), que é presença de um canal que, quando deveria estar fechado, permanece aberto.
Enquanto o bebê está na barriga da mãe, o canal arterial faz uma ponte que conecta a aorta (a maior artéria do corpo humano) à artéria pulmonar, responsável por levar sangue ao pulmão. No entanto, esse canal deve se fechar ao longo das primeiras 48 horas após o nascimento, com a expansão dos pulmões.
O canal alterial de Rebeca, porém, não se fechou e o resultado é que os pulmões continuam recebendo sangue, podendo ficar sobrecarregados, enquanto os outros órgãos recebem um fluxo sanguíneo reduzido.
Larissa e Klemilson, pais da menina, adotaram a estratégia comum aplicada em recém-nascidos: receber medicamentos para induzir o fechamento. Mas a bebê não reagiu de forma consistente ao tratamento e seu caso continuou a se agravar. Angustiados, os médicos vieram com o plano B: inserir um cateterismo cardiáco em Rebeca.
Embora outras crianças maiores e alguns bebês com menos de 1 kg já tivessem passado por um cateterismo cardíaco no Brasil, nenhum deles era tão pequeno quanto Rebeca. A equipe médica responsável pelo tratamento da bebê conversou com o VivaBem contando detalhes da operação.
O médico responsável pela operação, Marcelo Ribeiro, especializado em cardiologia intervencionista em cardiopatias congênitas, que há dez anos trata problemas no coração de bebês e crianças, suou com o nervosismo durante o procedimento inédito e totalmente complexo.
“Era um canal muito grande num bebê muito pequeno, o que também deixou a gente apreensivo. Mas precisávamos fazer alguma coisa, porque ela provavelmente não iria resistir por muito mais tempo”, avalia o cardiologista intervencionista.
A revisão da prótese será feita nos primeiros meses e exames de ecocardiograma nos próximos dois anos. Segundo os médicos, o procedimento cardíaco foi crucial não só para salvar a vida da criança, como acelerar sua saída do hospital.
A lista de especialistas que ela terá de passar ao longo dos anos, indo de nefrologista à fisioterapeuta. Poder estar com a filha nos braços após mais de quatro meses de internação, porém, é o que dá força aos pais.
“Sentar no sofá e colocar ela no colo, amamentar e ver todo o processo de crescimento dela de perto tem sido muito especial. Ela é um milagre de Deus”, completa Larissa.
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