Família

Filho traz felicidade?

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Publicado em 06/07/2015, às 16h28 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Adriana Cury, Diretora Geral | Mãe de Alice


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Sem medo das palavras: filho não traz felicidade. Pelo menos não sozinho. Nós criamos uma ideia de que ser mãe, ou pai, é estar o tempo todo feliz e pronta para gravar um comercial de margarina. Mas a realidade é bem diferente: a vida sossegada e livre acaba quando um filho chega. E ser mãe, ou pai, é muito mais difícil do que se imagina. Mas as coisas não precisam ser sempre complicadas.

“Certamente, ficamos felizes com o nascimento de um filho. Mas crianças felizes têm, antes de tudo, pais felizes”, explica Monica Pessanha, psicoterapeuta infantil e mãe de Melissa. E essa ideia é bastante lógica: uma pessoa que já é feliz e satisfeita consigo mesma pode criar outra pessoa para ser feliz também. Mas como por muitas vezes filhos e lógica são coisas distintas, fica a pergunta de um milhão de dólares:  qual é a relação que criamos entre os nossos filhos e a nossa felicidade?

Um estudo recente realizado pela Universidade de York, na Inglaterra, constatou que casais com filhos não são mais felizes. Nattavudh Powdthavee, economista que conduziu a pesquisa, concluiu que as experiências boas que temos com nossos filhos, como o primeiro sorriso, as primeiras palavras e as notas boas na escola, são momentos que não se repetem diariamente. Ao contrário das fraldas sujas, refluxos e choros noturnos. “Essas atividades que não são tão agradáveis impactam no nosso nível de insatisfação diariamente, em vez dos eventos felizes e significativos”, diz Powdthavee.

Essa tal felicidade…

Márcia Neder, doutora em psicologia clínica, autora do livro Déspotas Mirins: O Poder nas Novas Famílias e mãe de Julia e Adriano, não deixa dúvidas: os filhos não têm o poder de fazer seus pais felizes. Criança dá trabalho, muda a vida da família por completo e precisa de muita atenção. “A alegria e o prazer de educar pode ser uma boa compensação para todo esse trabalho. Mas isso não significa que a vida correrá de forma mansa, sem conflitos – internos ou externos”, diz. Não dá para esperar que a felicidade seja um bloco maciço e permanente. Felicidade é um processo, uma construção. Se passarmos por dificuldades, por momentos de insegurança e dúvida, não significa que não somos felizes.

Bruna Tadross, diretora pedagógica da Access International School, de São Bernardo do Campo, e mãe de Ian, conta que o que a faz mais feliz em ser mãe é a troca de experiências. “O Ian tem apenas 3 meses e tenta imitar tudo o que eu faço. Os sons com a boca, os sorrisos, as risadas… A troca faz desse momento algo sublime e repleto de aprendizagem”, diz Bruna. Para ela, o que traz felicidade é saber que existe ali alguém que faz parte de nós e aprende com a gente o tempo todo.

Muitos pais imaginam que a felicidade é um ponto de chegada, por isso acreditam que os filhos são capazes de fazê-los felizes. Só que, quando esses mesmos pais não estão bem consigo mesmos, o peso que seus filhos carregam nos ombros acaba sendo gigantesco. As crianças já são naturalmente vulneráveis, porque ainda não desenvolveram a capacidade de lidar com situações que nós adultos já sabemos bem como controlar. Se nós ainda colocamos nela um monte de expectativas e frustrações, seu desenvolvimento vai ser prejudicado.

A psicóloga Mariana Inês Garbarino, filha de Eduardo e Liliana, explica que criar uma criança traz novas formas de vivenciar a felicidade. “Um filho amplia a sensação de alegria que já existia, mas não traz felicidade se os pais não têm a capacidade de experimentar o próprio bem-estar sem depositar essa responsabilidade em ninguém”, explica a especialista.

Meu filho, meu projeto

Nós, muitas vezes, vamos apresentar para nossos filhos uma trajetória que já idealizamos antes mesmo de eles nascerem. É importante deixar claro que, se eles quiserem seguir do nosso jeito, tudo bem. Se eles preferirem ir para o lado oposto, tudo bem também. Se depositarmos nos nossos filhos as expectativas de felicidade que criamos, vamos estar nos privando do papel de protetores e guias que precisamos exercer. Os filhos trazem também um sentimento transformador, são uma chance de reaprendermos coisas como a alegria da doação, paciência e espontaneidade. Se colocarmos em uma balança, os pais têm mais obrigação de fazer os filhos felizes do que o contrário.

Bruna criou algumas expectativas para seu filho, o que é bastante normal. “No início, eu dizia para a avó do Ian que gostaria que ele fosse para Harvard. Na verdade, percebi que meu desejo é que ele voe mais alto do que eu. Frequentar Harvard não significa ser uma boa pessoa.” Para Monica Pessanha, não existe nenhum problema no fato de os pais idealizarem coisas para os filhos, mesmo se tratando de projeções suas. O problema é não abrir um caminho para as escolhas.

“Aprendi que filhos não são projetos. São pessoas com personalidades diferentes que não foram feitas para atender o que a gente tinha como expectativa”, afirma Aldrei Baumann, microempresária, mãe de Mirella, Aislan e Moahra. Veja bem, essa mãe passou por três gestações, teve o primeiro filho aos 28 anos e diz amar ser mãe. Por já ter toda essa experiência, hoje ela sabe que não dá para impor ao filho nenhum desejo nosso, mas respeitar o desejo deles.

“Eu incentivo muitas coisas. Mas incentivar não é impor”, diz Aldrei. É natural que os pais sonhem com o futuro dos filhos. Mas é melhor se preparar para o que não foi planejado, é o que mais acontece entre a maioria das crianças, principalmente quando elas crescem e escolhem o próprio caminho. Aliás, é bem possível que o seu filho queira fazer exatamente o contrário do que você espera.

Para você não transformar um filho em um projeto pessoal o ideal é passar por uma fase de reflexão do que você realmente está idealizando e do que fará do seu filho uma pessoa íntegra. Isso você pode fazer durante a gravidez, quando estamos tomando consciência do que será a vida depois da chegada de um filho.

Procure se informar, conversar francamente com as amigas e os amigos, ler sobre o assunto, ouvir opiniões diferentes da sua. Isso ajuda a abrir os olhos, a mente e o coração para o que te espera. Pensar sobre a própria felicidade antes de decidir ser mãe ou pai é um exercício que vale o esforço.

Criança não é cupido

Casais têm problemas. Passam por dificuldades e por alguns períodos mais tensos. Isso é completamente normal. Algumas pessoas, no entanto, pensam em ter um filho para se aproximarem mais. “Há casais que buscam uma saída mágica para os conflitos gerados pela convivência íntima”, explica Márcia Neder. Quando o bebê chega, tudo muda, principalmente a vida do casal. Todo mundo comemora, a família se sente mais unida, e tentar reerguer o casamento por meio de um filho pode até fazer efeito nos primeiros momentos. Mas a rotina vai deixar ainda mais evidente quando um casal não está em sintonia.

Claro, se vocês estão na mesma frequência, escolher ter filhos, planejar cada detalhe e sonhar com a hora do nascimento é um momento de celebração, de amor e de união entre toda a família. Mas pensar em ter bebês para salvar seu casamento é uma ilusão. Filho nenhum pode ter a responsabilidade de unir os pais, e usá-lo para isso pode ser traumático, porque, caso aconteça uma separação, a criança vai se sentir responsável por não ter conseguido unir os pais, vai ficar insegura, ansiosa e até ter dificuldades na escola e nos relacionamentos com outras pessoas.

“Se o casal não funciona antes de pensar em gravidez, a chegada de um filho dificilmente mudará essa situação”, diz a psicóloga Mariana Inês Garbarino. Claro, as dificuldades que vão aparecer depois que o bebê nascer também vão fazer parte de um processo de aprendizado para o casal. Bruna nunca achou que a felicidade da relação com seu marido poderia ser depositada no bebê, mas seu filho é também uma etapa na construção do casamento deles. “Desde quando nos casamos falamos em ter filhos. Foi o amadurecimento da nossa relação que nos levou a querer expandir nosso amor. Nossa trajetória foi muito importante para nos transformarmos nos pais do Ian”, conta Bruna.

Aldrei construiu ao longo dos anos a mesma opinião. Para ela, filho não salva casamento. Pelo contrário, se não houver cumplicidade entre o casal, os filhos causam separação. “Se for criar filho juntos, acho que precisa de muita paciência, amor e respeito. Do contrário, melhor criar sozinha”, diz a microempresária.

Em sua experiência profissional, Monica Pessanha constatou que muitos casamentos só são suportáveis porque há filhos na relação. Isso causa frustração e infelicidade para todo mundo. “Quando os pais sentem-
se culpados, ficam presos na sua dor, criando involuntariamente problemas wmais sérios para eles mesmos e para os filhos”, explica Monica. Vale lembrar que o que está por trás do sono tranquilo dos pais e das crianças é exatamente todo o esforço que nós fazemos para que o dia termine bem: o processo da felicidade.

O caçula vem aí

Vocês já têm filhos, mas querem engravidar de novo.Para aumentar a família, é bom checar se seu casamento está preparado para isso. Essas perguntas podem ajudar:

> Vocês têm estrutura financeira, emocional e física para receber outro bebê?

> Você, mãe, quer ter um filho por um desejo seu ou por medo de não poder engravidar depois?

> Vocês estão prontos para as novas obrigações que chegarão junto com o bebê?

> Vocês têm consciência de que os filhos serão uma ligação entre vocês para o resto da vida?

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Palavras-chave
Comportamento

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