Publicado em 07/03/2012, às 07h00 por Redação Pais&Filhos
Filha, o papai nunca conseguiu entender o porquê de os cientistas chamarem os furacões com nomes de mulheres. Mas agora ele tem uma pista.
Você nasceu há quatro semanas, Martina. E assim virei papai, minha esposa virou mamãe. Meus pais e sogros viraram vovôs; irmãos e cunhados viraram tios. E todos meus amigos também se tornaram tios por afinidade. Saiu tudo do eixo em que vivi nos últimos 32 anos.
A partir daí, a noite ficou retalhada. Aquele sonho longo e contínuo, como uma narrativa de gibi, virou tirinha de jornal. As horas durante o dia também mudaram. Não interessa mais quantas voltas deram os ponteiros do relógio, mas sim o intervalo entre as suas mamadas.
O barulho da casa é outro. Você chora alto e estridente, como um alarme. Mas isso ecoa como uma música doce nos meus ouvidos.
Nem a sujeira que você faz parece suja. Seu cocô não tem cheiro ruim e eu acho graça quando vou trocar suas fraldas e você me rega com um xixi quentinho. Aliás, nessas quatro semanas eu ouvi mais barulho de pum e arroto alheio que no resto da vida – e não fiquei com nojinho em nenhuma das vezes, achei graça.
A hora do banho então é a hora do show. Acho que você se lembra que vivia nadando na barriga da mamãe e resolve se debater rindo na banheira. Saio encharcado e com dor nas costas. Mas de alma lavada.
Aquela peluda de focinho longo, que fica na poltrona do lado do berço, Martina, era a princesa da casa até você aparecer. Ela vivia falando com a gente – daquele jeito canino dela. Mas como isso te assusta, ela está aprendendo a se expressar sem latir. Menos quando vem alguma visita perto do berço. Daí ela te defende como mais um membro da matilha.
A TV de casa anda de férias. E levou junto as telas do laptop e do iPad. A nova líder de audiência agora é a telinha pequena da babá eletrônica. Mesmo quando você está parada, dormindo, sonhando, esse aparelhinho tem dado mais Ibope que o futebol ou o videogame na telona 3D da sala.
Aliás, você deve achar isso uma bobagem, mas como é fascinante te ver dormindo, filha. Outro dia eu, que tenho horror a micro-ondas e não tolero comida fria, larguei um sanduíche quentinho por três horas me esperando no prato porque você resolveu usar meu peito de travesseiro e eu não tive coragem de levantar do sofá. Virou sorvete de sanduba, mas estava ótimo.
Se o que e quando eu como não interessa mais, pobrezinha da mamãe que precisa me aturar de fiscal da dieta dela. A regra de não pular refeição, que começou na gravidez, continua valendo rigorosamente. E precisa diversificar para não faltar nada para a nenê.
Martina, filha querida, você é uma coisinha de meio metro que só faz mamar, chorar e dormir.
Mas há quatro semanas passou um furacão pela minha vida. Ela deixou de ser "a minha" vida. Agora não sou mais o protagonista e não posso mais argumentar que "na minha vida mando eu". Deixei de ser filho e virei pai.
Agora é a vida do "papai da Martina", um coadjuvante feliz que começa a entender melhor a essência de sua condição de ser humano.
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