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1, 2, 3, nascendo!

Imagem 1, 2, 3, nascendo!

Publicado em 15/04/2013, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


Nivia de Souza, filha de Tânia e Renato
fotos: Ana Rovati

Era o dia do nascimento de Gabriela, filha de Carla e Raphael e irmã de Rafaela, de 3 anos. O novo membro da família chegaria por cesárea, na maternidade Perinatal de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. A família seria protagonista de um dos episódios do programa Boas Vindas, exibido pela GNT. Estávamos ali para acompanhar o nascimento dela e as gravações da nova temporada, que estreia agora em abril.

É a primeira vez que a câmera Ilana Machado está trabalhando no programa e sua expectativa é grande. “Vai ser no mínimo interessante. Filmar um parto é diferente de tudo o que eu já fiz”. As câmeras do programa são todas mulheres, propositalmente. Assim, as grávidas ficam mais à vontade, principalmente nas cenas feitas dentro da sala de parto. Por isso, não estranhe se você estiver assistindo o programa e a imagem tremer: é porque elas estavam chorando, sim. Acontece bastante. E talvez este seja um dos segredos da edição, deixar a emoção aparecer.

Bate-papo

Gabriela nasceu famosa, cercada pela família e pela equipe do Boas Vindas. Se todo nascimento é especial, imagine nascer já com o parto todo registrado pela TV, por uma equipe profissional? Entre todas as muitas pessoas presentes, o destaque foi a irmã mais velha. Quando o pai mostrou a irmãzinha recém-nascida pelas janelas do berçário, a menina grudou no vidro e não parava de dizer: “Olha como ela é fofinha!”. A cada palavra de carinho e surpresa pelo nascimento da irmã, Rafaela conquistava a equipe do programa, da Pais & Filhos e de toda a maternidade. Sim, Gabriela é o bebê mais fofinho do mundo. Todo mundo concorda.   

Antes de entrar para a sala de parto, o casal Carla e Raphael foi entrevistado pelo diretor e roteirista do Boas Vindas, André Weller, pai de Branca, no quarto da maternidade. André conhece bem o assunto: além de ser pai, é filho de pediatra. Ele conduz a entrevista como se estivesse em uma conversa entre amigos. Aliás, não é uma entrevista. É um papo, uma troca de experiências. “É importante saber onde o casal se conheceu, isso diz muito sobre as pessoas. Como souberam da gravidez, o pré-natal, os sustos. Não precisamos só de informações, mas também de emoções. Nosso prato principal são as histórias”, conta.
E a família começou a se formar quando a mãe de Carla casou-se com o padrinho de Raphael. Eles se conheceram e, entre reuniões familiares e encontros a dois, acabaram se casando. Aí veio Rafaela.
Mesmo tendo a experiência da primeira filha, Carla e Raphael transpiravam de ansiedade no dia do nascimento da caçula. As experiências são sempre únicas, cada filho, um parto; e cada parto, uma história. Nunca se está totalmente preparado para o milagre que é ter um recém-nascido nos braços. Junto com Carla, Raphael, Mariana (tia e madrinha de Gabriela) e a equipe médica, na sala de parto, estão a assistente de direção Daniela Arruda, filha de Creuza, e as operadoras de câmera Milena Sá, mãe de Gabriel, e Ilana. “A gente se mistura de alguma maneira. Temos que registrar o momento, mas sermos invisíveis”, explica Daniela.

Cada câmera está focada em um lado da história. Uma nas reações dos pais, a outra, no parto. Se for cesárea, as lentes estarão voltadas para a cirurgia de fato. Já no caso de parto natural, a equipe evita focar as partes íntimas da mãe, usando imagens mais laterais. Milena, que passou por um parto normal humanizado, conta que já perdeu as contas de quantos partos acompanhou pelo programa. “É uma emoção muito grande. Eu participo, faço massagem e digo que ela é capaz.”
Os pais não estão olhando para as câmeras nem preocupados com elas. Não dá. Tem muita coisa importante acontecendo e, nesse momento é como se o mundo desfocasse e a única imagem nítida fosse a do pai, a da mãe e a do bebê, assim que chegar. Nas cesáreas, os médicos abaixam aquele pano que separa a mãe da cirurgia, para que elas vejam o bebê sair. Geralmente, os pais ficam ao lado delas, e alguns, mais corajosos, observam os procedimentos cirúrgicos. Naquela hora, não é uma cirurgia. É um nascimento.

Há quem acredite que os partos naturais trazem mais suspense do que as cesáreas previamente marcadas. Com o desenvolvimento do trabalho de parto, os acontecimentos do natural vão fluindo de uma forma que é possível entender exatamente o que está acontecendo. Diferentemente da cirurgia cesariana, em que é preciso que o médico vá contando o que está acontecendo para os pais.

Sim, uma cesárea marcada é um roteiro mais ou menos previsível. A grávida precisa ficar em jejum, sem tomar nem água, por ao menos oito horas. O casal chega ao hospital no mínimo duas horas antes da cirurgia. Geralmente os médicos preferem a manhã, mas no caso, o parto de Carla estava marcado para as 15h. No hospital, a enfermeira anota o histórico da gravidez  e coloca o soro no braço. A anestesia garante que a mãe não vai sentir nada da cintura pra baixo. Parece que a emoção, concentrada num território menor, explode mesmo. Mesmo após a anestesia, a mãe fica alerta. Sem a dor das contrações, a concentração é total.
Antes da anestesia, a equipe médica coloca uma sonda na vagina da mãe para drenar o xixi. A enfermeira depila a área do biquíni, onde será feito o corte. O abdome recebe uma solução antisséptica e é coberto com lençóis esterilizados. O bisturi desenha o corte por onde o bebê virá ao mundo. Dez centímetro e 7 camadas separam o bebê dos braços de Carla. Normalmente, os músculos do abdome são afastados. Outro corte é feito no útero. É possível ouvir o barulho do líquido amniótico sendo sugado. O útero pode ficar rígido, como se tentasse empurrar o bebê para a luz. Depois de um puxão, Gabriela estáfora da barriga. Apesar do roteiro previsível, cada cena é única. O primeiro choro do bebê é sempre o primeiro de todos, de novo. Depois de retirado o bebê e cortado o cordão, o médico tira a placenta e o útero e a parede do abdome são suturados.

Boas-vindas, Gabriela

Antes mesmo de a Perinatal Laranjeiras avisar sobre o nascimento da Gabriela, a produtora Ana Sol, filha de Benedita, já sabia da notícia, pois Daniela a avisou por mensagem de texto. Enviada de dentro da sala de parto. “Nessa hora, se tem alguma avó reticente com a gravação, é o momento de fazer amizade. Eu detenho a informação que ela quer”, brinca Daniela.

No dia seguinte, a equipe retorna à maternidade, e André volta a conversar com os pais. Todos parecem estar mais tranquilos e a serenidade da recém-nascida Gabriela envolve o ambiente.
Em uma coisa a equipe inteira da produção concorda: o nascimento dos filhos é um agente transformador em mães e pais. Até mesmo suas feições são modificadas por este acontecimento tão singular na vida das pessoas. As pessoas viram outras após o nascimento das crianças. A cada bebê nascem novos pais. Sempre.   

Ao chegarmos ao quarto da família, Rafaela era só atenção e cuidados com a irmã. Até ajudou a avó a trocar as fraldas. Todos esses momentos são captados pelas câmeras. Tudo faz parte da história dessa família, que abre as portas do quarto e o coração para a equipe.

Primeira fase

Cada episódio do Boas Vindas começa a ser feito entre as quatro paredes da produtora Cinevídeo. É ali que, por meio de milhares de ligações e conversas longas, as produtoras encontram as famílias que irão participar. Renata Amaral, filha de Maria da Penha e Marcílio, coordenadora de produção, e as produtoras de pesquisa e conteúdo Amanda Taddei, mãe de Julia, e Giovanna Lucas, filha de Jacira e Ivan, são algumas das responsáveis pela missão, que, além de tudo, já agregou amigos em suas vidas.

Em 2012, a primeira temporada do Boas Vindas começou a ser preparada, mas a dificuldade de achar médicos e grávidas que aceitassem participar de um programa de TV que, até então, ninguém conhecia, era grande. Então, sem pesquisas prévias, a equipe gravava o dia-a-dia dos hospitais. Assim, o formato da atração foi sendo criado no decorrer das gravações. Meio como a gente vai se descobrindo pai e mãe, na lida mesmo.

A ideia inicial partiu de Mariana Koehler, do próprio canal GNT, e tinha o nome de Boa Hora. “Antigamente, era o que as pessoas falavam para as mães que iam ter filhos. Eles desejavam uma boa hora”, explica Fátima Pereira, mãe de Igor e Iane, produtora executiva da atração. “Que Nossa Senhora do Bom Parto lhe dê uma boa hora”, diziam nossas avós. Mas, depois, a produção descobriu que esse nome já estava patenteado. E, então, virou Boas Vindas.   

Ao final da primeira temporada, a produção recebeu diversas críticas por exibir um número grande de partos cesarianos. Hoje mais de 44% dos partos no Brasil são cirúrgicos. O índice ultrapassa os 90% em algumas maternidades particulares. Um parto normal não tem hora pra acontecer. E, muitas vezes, acaba virando cesárea. Mas a equipe encarou o desafio. Nesse momento, o programa começou a passar por uma série de mudanças para a temporada seguinte. Unir a imprevisibilidade do trabalho de parto com a logística de um programa de televisão não foi fácil. Mas eles conseguiram.

Muito trabalho

A partir da segunda temporada, em cada episódio é mostrado um parto normal, uma cesariana e também uma alta da UTI neonatal. “É quando os pais voltam a respirar”, afirma André Weller. Não é fácil mesmo sair do hospital sem o bebê nos braços. O dia em que o recém-nascido recebe alta é visto pelos pais como um segundo nascimento, segundo a coordenadora de produção Renata Amaral. Os pais querem levar as crianças para a casa que eles prepararam para ela.

A mudança na forma de contar as histórias também teve a intenção de deixar o programa mais atraente para todo o tipo de público, e não somente para as futuras mães. “É um programa de entretenimento para a família toda”, fala a responsável pelo setor de atendimento da Cinevídeo, Talitha Portugal, filha de Eneida e Jorge.  

Segundo André, outra mudança foi a inserção de um locutor, para que as narrativas tivessem uma condução. A voz é masculina, propositalmente. “É uma colher de chá para os pais. É como se estivéssemos contando um segredo”, explica o diretor.

O dono da voz é o Anderson Freitas, pai de Maria Fernanda. Ele até virou personagem do programa (veja o box ao lado).  Sair para gravar não significa apenas trabalho para a equipe. “A gente vai para fazer amigos e esses amigos acabam virando personagens do Boas Vindas. É uma relação de muita confiança. Você vai participar do momento mais importante da vida de uma pessoa”, conta Renata. Já a assistente de direção Daniela Arruda, diz que a equipe tem que estar com vibrações positivas. “Você está sempre saindo de casa porque vai ver um bebê nascer”.

Depois que o Boas Vindas tornou-se popular, ficou mais fácil abordar novos médicos e pacientes. Algumas pessoas até chegam a procurar a produção. De acordo com Renata, a terceira temporada está recheada de casos ainda mais interessantes. O programa procura mostrar que é possível, sim, ter um parto normal, humanizado, com pessoas que estão ali para ajudar e dar apoio. “A gente sai correndo para conseguir chegar a tempo e gravar o parto da melhor forma possível. Parece que é sempre a sua irmã que está parindo”, compara. Além dos obstetras, outros canais de contato com as gestantes são as doulas e as aulas de yoga e hidroginástica voltadas para elas.

Trabalho em conjunto

A equipe que vai para a maternidade gravar é diferente da que fica na Cinevídeo. Mas a produção de conteúdo repassa as informações sobre a família. “Se você chega com um respaldo, eles percebem que todo mundo trabalha junto”, conclui Renata Amaral.

Para participar do programa é essencial que o médico que fará o parto aprove a iniciativa, pois a sala de parto é dele. Uma das médicas que sempre colaboram com o Boas Vindas é a ginecologista e obstetra Claudia Diaz, mãe de Clara. Ela conta que suas pacientes ficam orgulhosas de vê-la na televisão, e que essa é uma chance de que outras grávidas a procurem. “Qual médico não quer reconhecimento?”, brinca.
Convencer o pai a participar não é simples, principalmente quando o parto é normal. “Eles ficam receosos. É a mulher dele exposta, nua. Mas ninguém ali estará vendo a mulher pelada. É um pai e uma mãe tendo neném”, explica Renata. A intenção do Boas Vindas, claro, não é expor a mulher. “O programa tem esse lado informativo, que é muito legal. Mostra que o parto normal é possível no Brasil”, diz a obstetra Claudia.

As duas maiores dúvidas que as gestantes têm relação com quem entra na sala de parto e se, de fato, o parto é filmado. Sim, tudo é filmado. O fato de as câmeras usadas nas gravações serem sempre operadas por mulheres tranquiliza as grávidas. “Eu digo para elas: ‘confia em mim’. Eu quero que elas confiem. A dúvida delas é ‘como vou confiar em você, se eu não te conheço?’. E eu continuo dizendo para elas confiarem que não irão se arrepender de gravar o programa. Argumento que vamos filmar aquele momento que a gestante nunca vê, que é quando o pai apresenta o bebê pra família”, assegura Amanda.
Quando a equipe não consegue chegar a tempo do parto, que acontece a qualquer momento e em lugares diferentes do Rio de Janeiro, rola um sentimento de frustração entre as produtoras. Por isso, elas torcem para que os bebês resolvam vir ao mundo de madrugada, assim não correm o risco de ficarem presas no trânsito, como já aconteceu.

Missão cumprida

Depois que o dia de filmagens acaba, a equipe retorna para a produtora Cinevídeo e já descarrega as imagens das câmeras nos computadores. Isso é feito com a maior rapidez possível porque, a qualquer momento, outro parto pode acontecer. Os casos mostrados em cada episódio são combinados de acordo com suas particularidades. E a cada gravação, a equipe se torna mais sensível.
Para quem já trabalhou com televisão ou cinema, estar na equipe do Boas Vindas é diferente. Não é todo mundo que se dispõe a acordar no meio da madrugada e ir para uma maternidade. “Aqui é o único lugar em que você vai trabalhar e que não vai poder filmar de novo. Ninguém vai parar um pouquinho pra você”, explica Daniela Arruda. “A nossa câmera treme porque as meninas choram também”, conta Renata. A médica Claudia Diaz brinca que a equipe do programa já faz parte da dela. “Você vê nos olhos delas a emoção transbordando”, conta.

E é a partir dessas histórias que cada membro da equipe do Boas Vindas forma a sua própria história. Sempre com a sensibilidade de perceber se é o momento ou não de ligar a câmera ou de fazer aquela pergunta mais íntima para a família. São rotinas que se entrelaçam com o momento mais importante da vida daquelas pessoas e de todos nós pais e mães. Boas-vindas, diz o dicionário, é uma expressão de acolhimento afetuoso e hospitaleiro (a alguém) e de satisfação pela sua chegada.
Como na canção de Caetano, que abre o programa: “Sua mãe e eu/Seu irmão e eu/E a mãe do seu irmão/Minha mãe e eu/Meus irmãos e eu/E os pais da sua mãe/E a irmã da sua mãe/Lhe damos as boas-vindas/Boas-vindas, boas-vindas/Venha conhecer a vida. Eu digo que ela é gostosa”. A gente também. E fica a lição de que sempre somos todos bem-vindos.


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