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Vergonha alheia

Imagem Vergonha alheia

Publicado em 17/04/2011, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


Toda criança passa pela fase da birra, não tem jeito. Saiba lidar com a situação constrangedora dentro e fora de casa

Eu quero, eu quero, eu quero! Se a cansativa frase for acompanhada por choro e uma cena dramática em que a criança cai no chão e bate os pés, pode ser classificada como birra, a mais nova doença de acordo com um grupo de psiquiatras. Sim, porque o próximo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), um guia para médicos do mundo inteiro, vai incluir a birra infantil na lista como uma doença! Essa notícia causou bastante polêmica entre os médicos. O motivo é simples: a maioria deles concorda que a birra é simplesmente… normal.

Existem dois tipos de birra: um deles é quando a criança aprende que pode dizer "não". Ela não sabe fazer isso da forma ideal e acaba protagonizando um escândalo. O outro tipo é quando a criança quer alguma coisa a todo custo. O "não" tem de vir de você nos dois casos, e o melhor caminho é tentar conversar e fazer um acordo de paz.

Essa fase, que ocorre geralmente entre 18 meses e 3 anos, pode envergonhar muitos pais. Você já deve ter visto uma criança espernear no chão do supermercado porque quer que a mãe compre aquela balinha. Se você é a mãe em questão, provavelmente ficou roxa de vergonha e não sabia o que fazer.

Nessas horas, o melhor é falar baixinho. “Em um ataque de birra, a mãe ou pai precisa conversar, falar baixo. Assim, a criança pára de gritar para escutar”, sugere a psicanalista Lea Michaan, mãe de Debora, Daniela, Ralph e David.

Lea acredita que uma saída possível é dar a tal balinha, desde que depois você converse seriamente com ela sobre a vergonha que vocês passaram. “Não deixe passar em branco. Converse com seu filho sobre de que outra maneira ele poderia ter agido”, explica a psicanalista. A criança vai perceber que deixou a mãe chateada e vai ver que a bala acabou saindo cara.

Já a psicóloga Daniella Freixo, mãe de Maria Eduarda e Maria Luisa, acredita que não se deve responder diferente só porque se está em público. “Se você não conseguir lidar com a situação, levanta e vai embora”. Para ela, tem de haver coerência e consequência, ou seja, deixar claro que o mau comportamento terá uma resposta. Por exemplo: “Ou você levanta ou vamos embora agora”. E o passeio acaba por ali. Mesmo. Não adianta ameaçar sem cumprir. Você também pode dizer: “Quando se acalmar a gente conversa”. Assim, a criança vai começar a respirar mais fundo pra tentar se acalmar e ser ouvida.

O que você não pode fazer é começar a gritar também. “Do jeito que a mãe se comportar, a criança também vai se comportar”, explica Lea. E, claro, nada de bater. É duro, mas o limite tem de ser dado na palavra. Se você for firme, eles entendem o recado. Alguns pais adotam a estratégia de fingir que nada está acontecendo. “A criança pode até parar de gritar, mas ignorar não leva a nenhum lugar”, acredita Daniella. Para ensinar a se comportar bem, a conversa é indispensável.

A primeira birra vai acontecer, cedo ou tarde. Difícil fugir dela. Mas dá para evitar as próximas. Mostre que você entende seu filho e, se retornar àquele supermercado que foi palco do primeiro escândalo, lembre-se de como foi daquela vez e faça um combinado para que não volte a acontecer. Às vezes a criança pode fazer birra para chamar atenção, porque saca que só assim a mãe senta para conversar com ela. Elogie quando se comporta bem, para que perceba que não precisa ser malcriada para que você se importe.

Ao aprender a lidar com a birra, além de evitar conflito, você ajuda a criança a passar pelas frustrações. Seu filho não pode ter tudo o que quer. Ajude-o a entender isso agora, antes que o chefe precise explicar.

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Veja as perguntas e respostas mais comuns sobre a birra infantil

– Por que meu filho faz birra?
Porque sente necessidade de chamar a sua atenção. Está carente (ou é voraz) de atenção. E também porque não o ensinaram a pedir de forma diferente.

– Como saber se é manha ou não?
 Conhecendo seu filho e distinguindo as reais necessidades dele. Perguntando o porquê dele querer tanto tal objeto, etc.

– O que eu faço se o meu filho se jogar no chão em público?
Segure-o firmemente e olhe nos olhos dele dizendo em voz baixa: – “Não aceito este comportamento aqui e agora. Em casa vamos conversar. Agora levante já!”. Quando chegar em casa converse com ele e explique que para soltar a raiva que está dentro dele existe hora (não em frente de pessoas estranhas), lugar (na privacidade do lar) e com a pessoa certa (aquele que pode ouvi-lo). É importante que ele confie que haverá um momento oportuno para ser ouvido)

– Sinto que às vezes quanto mais atenção eu dou, pior a situação fica. Por que isso acontece?
Atenção é diferente de mimar. Atenção é escutar ativamente o que seu filho diz, levando-o a sério, e mimar é dar a ele tudo o que deseja e também deixá-lo vencer pelo seu cansaço. Portanto se você der atenção a ele, por aprendizado e por ter este registro e modelo de relação, seu filho também dará ouvidos a você. Se você mimá-lo, estará alimentando nele o vício de ser birrento.

– Posso dar o que ele quer no momento do escândalo?
Evite. Tente entrar em acordos, e lembre-se de mantê-los. Além disso, na primeira oportunidade tenha uma boa conversa com ele, não simplesmente impondo os seus conteúdos, mas primeiramente escutando-o, compreendendo e ensinando. Não fique presa na vergonha que ele te fez passar, isto impede a comunicação.

– Um tapinha ou beliscão pode resolver o assunto?
Isto só vai ensiná-lo a ser agressivo. O melhor é não usar a agressão física para se comunicar. Transforme em palavras seus sentimentos e pensamentos, e ajude-o a nomear suas questões. Quanto menor a criança mais ela utiliza a violência física porque não sabe se expressar, enfim, esta é uma forma primitiva de se relacionar.

– Como fazer para ele não repetir a cena?
Através da boa conversa quando isto aconteceu da primeira vez. Voce também pode lembrá-lo do que aconteceu para que ele não repita a cena, e entrar num acordo: “você tem direito de escolher dois itens no supermercado”, por exemplo. A criança esperneia e faz birra porque acha que não vai conseguir nada nunca, ou porque acredita que esta é a única maneira de conseguir o que deseja. Por isso, cabe a mãe ensinar outras formas da criança conseguir o que deseja, se ela tiver confiança, saberá que pode obter muito mais pedindo educadamente. Alem disso, não desapertará sentimentos negativos na mãe em relação a ela.

– Se ele se comporta bem em público, mas faz escândalos dentro de casa, qual é o problema?
Provavelmente ele tem vergonha de pessoas estranhas e em casa está sentindo falta de mais atenção.

Consultoria: Daniella Freixo, mãe de Maria Eduarda e Maria Luisa, é psicóloga, www.daniellafaria.com.br
Lea Michaan, mãe de Debora, Daniela, Ralph e David, é psicóloga da linha psicanalítica


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