O botão que abre

Camisas que abrem na frente são ótimas para o período da amamentação. Basta desabotoar 4 ou 5 botões e o bebê tem acesso a o que quer. No entanto, o constante abrir e fechar da blusa vai alargando as casas. Com o tempo, elas passam a abrir sozinhas, com ou sem um bebê puxando. E isso é um problema.

Uma vez eu estava passeando na rua na creche da minha filha menor toda saltitante, vindo do shopping. Usava um vestido azul marinho repleto de estrelas miúdas, com uma gola branca redonda, uma sandália de pêlos que eu adoro – parece uma pantufa chique – e uma bolsa saco marrom com franjas trespassada. Trespassada, guarde essa palavra. É quando a gente deixa a alça em um ombro, passa por cima da cabeça e a bolsa pende para o outro lado. É bom porque não cai, mas algo sinistro pode acontecer. Como o que eu passei naquela deliciosa – até então – tarde de outono em Porto Alegre.

Quando cheguei na escola, a secretária riu discretamente e apontou para o meu dorso. “Ana, olha isso”. Eu estava seminua. O roçar da alça no maldito vestido de abotoar abriu metade da peça. Com os peitos, que pra discretos não servem, de fora, de vestido rodado e com uma bolsa no meio deles.

Esse quadro pode piorar? Pode. O sutiã em questão ainda era do modelo “amamentação”. Branco, todo manchado. Aprendi duas grandes lições com esse episódio: quando parar de amamentar, é necessário substituir umas peças e todo cuidado com bolsas ou mochilas, elas adoram abrir botões por conta própria. O bom mesmo seriam travas de seguranças ou cadeados.

*Por Ana Emília Cardoso, mãe de Anita e Aurora

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