Família

Deixe a avó se meter na criação do seu filho: ele só tem a ganhar

Imagem Deixe a avó se meter na criação do seu filho: ele só tem a ganhar

Publicado em 26/07/2013, às 07h30 por Redação Pais&Filhos


“Hoje os avós estão metidos na criação dos netos, foi-se o tempo dos avós de domingo”. Com essa frase Lidia Rosenberg Aratangy, avó de 9 netos, começa a conversa que tivemos em sua casa-consultório, em São Paulo. Antes de ser psicoterapeuta, Lidia é uma zelosa avó que carrega toda a família – filhos e netos – em um colar especialmente confeccionado que ela só tira na hora de dormir. 

Essa avó é autora do “Livro dos Avós – Na Casa dos Avós é Sempre Domingo?” (Primavera Editorial), que escreveu junto com o pediatra Leonardo Posternak. Leia aqui as dicas que ela dá para pais, filhos, avós e netos conviverem melhor e construírem uma relação de cumplicidade.

A participação dos avós na vida familiar

Ao mesmo tempo em que hoje os pais estão cada vez menos disponíveis para os filhos, devido às exigências da vida cotidiana, os avós são (ou se sentem) mais jovens e dispostos. É importante lembrar que o perfil dos avós mudou bastante nos últimos tempos, inclusive por causa do aumento da expectativa de vida. Hoje a avó pode até ter cadeira de balanço, usar óculos e fazer tricô, mas com certeza ela têm outros afazeres em seu dia a dia e quem assume esse clichê antigamente associado à avó às vezes é a bisavó.

Ou seja, a participação dos avós na vida familiar é efetiva, além de necessária, como diz Lidia. Como a família lida com essa convivência é que é o “x” da questão.

Leia mais:
Um avô/avó diferente para cada neto
Deixar com os avós
Casas diferentes, regras diferentes
Dormir na casa dos avós
Os avós podem dar dinheiro aos netos?
Pais e avós: filhos adultos e pais “velhos”

Uma convivência que faz bem

Os avós são pessoas que conheceram os pais quando crianças e por isso sabem como eles foram quando exerciam o papel de filhos. É natural que os netos queiram ouvir repetidas vezes aquela história sobre uma birra que o pai ou a mãe fez, saber os micos que eles pagavam, o que gostavam ou deixavam de gostar. E esse compartilhamento do que já passou é ótimo! Ajuda as crianças a conhecerem as tradições, mostra para elas como eram as coisas em outro tempo, quando seus pais e avós desempenhavam os papéis que hoje são representados por elas e seus pais.

Além disso, os avós carregam um status importante para a criança, que a ajuda a relativizar a “autoridade suprema” dos pais, afinal, um dia os avós já tiveram autoridade sobre eles e/ou têm até hoje. Isso não significa que os avós tenham mais direito do que os pais na visão das crianças, mas, sim, que eles ocupam um lugar especial que merece ser respeitado.

Um avô/avó diferente para cada neto

A relação que existirá entre avós e netos dependerá do vínculo estabelecido entre avós e pais e também da personalidade da criança. Lidia comenta que uma avó diferente para cada um dos nove netos, até por causa da diferença de idade, pois a neta mais velha tem 20 anos, enquanto a caçula tem apenas 3. Os assuntos das conversas são diferentes, os passeios também, conforme a época em que convivem aquele avô/avó e neto e as ocasiões. Não existe um tipo certo ou errado de avô/avó nem de netos. “Seja o avô/avó que você quer e pode ser para seus netos”, completa Lidia.

Deixar com os avós

Os avós são peças fundamentais quando os pais precisam deixar as crianças com alguém. Seja para um compromisso de trabalho, uma ida ao supermercado ou mesmo um passeio, os pais dos pais costumam dar uma força e cuidar dos netos por algum tempo. O que não dá é para abusar dessa ajuda, afinal, os avós também têm seus próprios compromissos. “Fazer dos avós baby-sitter de luxo é injusto. E é um desrespeito deixar a criança com o avô ou avó com toda aquela lista do que eles podem e o que não podem fazer, como se os avós não tivessem suas próprias regras, como se os não tivessem discernimento para definir o que pode e o que não pode”, diz Lidia.

Casas diferentes, regras diferentes

Ao contrário do que a gente costuma pensar, as crianças lidam bem com divergências. Nenhum comportamento isolado é tão decisivo assim na vida de uma criança, segundo Lidia. Tudo bem torcer para diferentes times de futebol, gostar de outras comidas e outros tipos de música e assim por diante. Mas atenção, divergência é diferente de conflito: esse, sim, é prejudicial para as crianças.

As crianças entendem muito bem que existem as regras da casa dos pais e as da casa dos avós, assim como percebem facilmente a diferença entre as normas da escola e as da casa de um amigo, por exemplo. “Tem certas regras, muito rígidas, categóricas, que nem os próprios pais seguem. Será que eles estão lá o tempo todo para ver se as delimitações estão sendo cumpridas pelos filhos? Muitas vezes a diferença é que os avós estão ali, então a transgressão é percebida, não necessariamente permitida”, explica Lidia.

Mas é preciso ficar atento à natureza das regras que são impostas às crianças. “Na casa dos avós valem as regras dos avós, levando em conta que existem regras, normas e leis”, conta Lidia. Lei é lei em todos os lugares, não pode e ponto. Regras são estabelecidas quando se leva em conta frequência, quantidade, ocasião… Por exemplo: quando não pode tomar refrigerante? Não pode tomar mesmo ou só um pouco é tolerável?  Precisa existir uma certa flexibilidade, mas que vale para todos os lugares. Já normas são imposições que podem perfeitamente ser diferentes conforme o lugar em que são aplicadas. Um exemplo: estipular horários para dormir e para as refeições.

Dormir na casa dos avós

A frequência com que os netos passam a noite na casa dos avós deve ser regulada pela disponibilidade destes, pelo desejo da criança e pela flexibilidade dos pais. “Mas não vale dizer que não pode sem explicar por que razão. Dizer que hoje não pode porque ele já dormiu lá ontem não é motivo que se apresente”, afirma Lidia, que dá uma possível solução: “Vale dizer que, como ele não passou a noite em casa ontem, os pais estão com saudades e querem a presença do filho hoje. Mas aí tem de ficar em casa com a criança…”.

Os avós podem dar dinheiro aos netos?

“Sim, desde que não seja à revelia ou escondido dos pais”, afirma Lidia. Pais e avós podem inclusive combinar maneiras para os avós colaborarem financeiramente com a família, se for este o desejo deles. Pagar a escola de um neto, custear um curso para outro ou bancar uma viagem são alguns exemplos que podem ser negociados por pais e avós, sempre com todas as partes de acordo e nunca como uma tentativa de suborno aos netos ou humilhação aos pais.

Pais e avós: filhos adultos e pais “velhos”

O tipo de relacionamento existente entre pais e avós será uma peça fundamental para construir a relação entre avós e netos, não só pela interferência direta que os pais têm nessa convivência, mas também pelo modo com que eles, adultos, tratam seus pais, hoje idosos. Lidia faz um alerta: “Quando os pais dizem ‘ah, isso é ideia biruta da sua avó’, eles não estão dizendo que a avó tem ideias birutas, mas sim que uma mãe ‘velha’ tem ideias birutas”.

Neste sentido, a criança observa como os pais estão tratando seus próprios pais na terceira idade. E como a gente sabe que os pais são os maiores exemplos para as crianças – em especial, seus atos e comportamento -, não precisa nem dizer que a tendência é que os filhos repitam na vida adulta a situação com que estavam acostumados na infância, desta vez tratando seus próprios pais daquele modo.

“Se os pais não atrapalharem a convivência entre avós e netos, eles já ajudam bastante. Se eles proporcionarem situações para que se construa essa relação, já é o suficiente, o resto fica por conta de cada avó e neto”, aconselha Lidia. Para os avós, o recado é que tranquilidade é importante e que eles não precisam seguir nenhuma doutrina muito fixa com relação à criação dos netos. E, claro, que eles deixem seus filhos cometerem seus próprios erros na educação dos netos. Por fim, lembre-se que “família precisa de família” e corra aproveitar a companhia da sua: avós, netos, pais, filhos, tios, tias, primos…

Consultoria: Lidia Rosenberg Aratangy, mãe de Cláudia, Sílvia, Sérgio e Ucha, é psicoterapeuta e autora do livro “Livro dos Avós – Na Casa dos Avós é Sempre Domingo?”, da Primavera Editorial.


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