Criança

Cadê o pai dessa criança?

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Publicado em 10/12/2013, às 11h02 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos


Pai, do latim pater, -tris, pai, avô. Substantivo masculino. De acordo com o dicionário Online Priberam da Língua Portuguesa, “pai” é: 1. Aquele que tem um ou mais filhos.2. Gerador; genitor; progenitor.3. [Figurado] Criador; autor.4. Protetor, benfeitor. 

Talvez, de todas as palavras que definem “pai” na língua portuguesa, o adjetivo “protetor” seja a mais próxima do que a figura paternal significa, realmente, para a criança. Pai é uma referência necessária para a saúde psicológica e mental do filho, tornando-o um adulto equilibrado.

Estudos importantes já comprovaram, por exemplo, que o pai bem-informado e orientado sobre a importância do aleitamento sabe apoiar melhor, interferindo de forma positiva na amamentação do filho – que será mais prolongada. E isso é só o começo da história…

Durante toda a infância, o pai tem papel de protetor e também do interditor. Na psicanálise, o interditor é visto como a primeira figura a dar limites.

Crianças criadas com o pai por perto (ou o substituto dele) apresentam maior rendimento escolar, autoestima elevada, facilidade em formar vínculos sociais, confiança e segurança. São as brincadeiras corporais que o pai tem com a criança que estimulam mais ainda o desenvolvimento da inteligência infantil.

Cadê o pai dessa criança?

Uma pesquisa de 2008 feita pelo Families and Work Institute concluiu que os pais hoje passam 3 horas com os filhos em dias de trabalho, enquanto em 1977 passavam 2 horas. Os mais jovens, então, são mais dedicados: eles passam 4,1 horas com seus filhos em dias de trabalho. Ou seja: estamos evoluindo.

Outro estudo, da National Academy of Sciences, revela que a paternidade reduz significativamente os níveis de testosterona, o principal hormônio masculino, deixando-os menos agressivos e mais sensíveis. Mas isso parece não acontecer com todos eles, infelizmente. Ainda há muitos casos de pais irresponsáveis, agressivos, ausentes… Ou sem noção mesmo.

No Brasil, mais de 5 milhões de crianças não possuem nem sequer o registro do pai em sua carteira de identidade. Isso é o mínimo, afinal ter pai é um direito. Está na lei.

Trabalhando como psicóloga há mais de 40 anos, nossa colunista Betty Monteiro, mãe de Gabriela, Samuel, Tarsila e Francisco, já ouviu muita história de filhos e mães que sofrem por causa da figura paterna (ou ausência dela). São centenas de crianças e adolescentes profundamente marcados pelas atitudes negativas (ou pela indiferença) do pai. Por causa disso, a psicóloga escreveu o livro Cadê o Pai dessa Criança?, recentemente lançado pela Editora Summus, que fala de forma “direta e reta” com os pais. Segundo a autora, traz o mesmo tom que as pessoas levam em suas queixas: raiva, mágoa, agressividade, desespero.

No livro e aqui, ela traça os perfis de pais, inspirados pelos casos de pacientes que orientou. Para abrir os olhos e causar um chacoalhão nos marmanjos por aí. Está na hora de voltar da roça e reassumir  a cadeira de pai.

O pai ansioso

Esse tipo de pai pode apresentar alguma forma de fobia (medo exagerado de coisas ou lugares), transtorno de pânico, ansiedade e depressão, ou comportamento obsessivo-compulsivo e perfeccionismo.

Está sempre insatisfeito consigo e sofrendo por antecipação. O clima afetivo de sua casa é tenso, pois ele não consegue esperar, não fica parado, está sempre fazendo alguma coisa, mexendo as mãos, as pernas, é incapaz de relaxar. Não tolera erros.

Esse homem faz tudo ao mesmo tempo. Seu discurso é vazio, pois não consegue sustentar uma conversa.

O pai ingênuo

É o tipo de homem que não é reconhecido por seus valores afetivos e pessoais, mas por aquilo de material que pode oferecer à família. A parceira já o escolhe por aquilo que ele pode lhe dar.

Uma pesquisa feita pela psicóloga americana Ann Coker, da Universidade do Texas, com sete mil homens, mostrou que 23% deles eram vítimas de violência no casamento: agressões verbais e físicas que os levavam a desenvolver estresse e depressão. Têm muita dificuldade de impor limites. Temem o afastamento dos filhos e o enfrentamento da mulher. São carentes e precisam ser admirados.

Sentem-se obrigados a satisfazer necessidades da mulher e dos filhos, que lhes cobram funções acima de suas capacidades.

O pai workaholic

Esse tipo de pai é tão danoso quanto os outros, mas se esconde atrás do papel da vítima e do coitado que trabalha muito e nunca é reconhecido. Atrás do pai workaholic sempre se esconde o homem que foge de estar em casa e com os filhos. Ele diz o tempo todo que não tem tempo a perder. Não percebe nada além do trabalho.

A maioria desses pais vive para o trabalho e nunca tem consciência desse alheamento familiar, até porque a família acaba desistindo de lutar por sua companhia e aprende a viver só. Ele não sabe que a felicidade é produto da harmonia entre ele e a vida que leva.

O pai de fachada

É muito interessante receber no consultório aqueles pais que vêm à força. Eles chegam vestidos com uma “capa de cordeiro” e se fazem de santos. Mostram-se perfeitos e extremamente presentes.

Exercem mecanicamente o seu papel e as suas funções. Ficam distantes da criança, pensando em seus problemas ou fazendo somente aquilo que lhes dá prazer, embora acreditem estar exercendo a paternagem.

O pai de fachada concentra-se em seus deveres, mas não na forma como deve vivenciá-los. Está presente – vai à reunião escolar, ajuda o filho no que for necessário –, mas é pouco afetivo. Cumpre ordens. Às vezes é insuportável, crítico, negativo, irritante e emocionalmente distante. A função paterna o desgasta e o corrói.

O pai alienador

É muito comum ver filhos de pais separados ou divorciados sofrerem alienação parental por parte de um dos pais ou de ambos. Alienação parental é o nome dado à pressão que os filhos sofrem por parte dos pais para que eles tomem partido de um deles.

O pai destrói a imagem da mãe e de toda a família materna para os filhos, por ignorância, dor de cotovelo, ciúmes, raiva, inveja, punição e avareza. Os filhos ficam angustiados e inseguros com o interrogatório.

Esses homens acreditam que arrancando as crianças da mãe ou brigando por besteiras conquistarão os filhos.

O pai folgado

Esse é o tipo mais comum de pai: o folgado, o acomodado. Foi acostumado a ter tudo nas mãos, pela mãe e pela mulher. Na hora de virar pai, ele vira mais um filhinho a ser cuidado. Na maternidade, ele se deita na cama do acompanhante e dorme feito um anjo… Parece que foi ele quem deu à luz. Em casa, acorda a mulher para cuidar do bebê. Reclama se ela não lhe dá atenção. Quer sexo. É um mimado.

Não toma atitude quando as crianças estão dando trabalho. Brinca com os filhos ou só lhes dá atenção quando lhe apetece. A mulher tem de separar suas roupas, fazer o prato, preparar o banho. Dá o exemplo aos filhos, que vão se transformando em pessoas tão acomodadas, dependentes e insuportáveis quanto o pai.

O pai ogro

Ele é insuportavelmente inadequado. Precisa se afirmar e assim não enxerga os filhos. Adora competir.

Medir forças com o outro (nem que seja uma criança) e derrotá-lo lhe proporciona um prazer sádico. Ele não sabe perder. Joga pesado e trapaceia.

Esse tipo de pai não reconhece o sucesso dos filhos e desmerece seus esforços. Quando as crianças se saem mal nos deveres, levam bronca; quando se saem bem, o pai lhes diz que não fizeram mais que a obrigação.

Desvaloriza o sexo feminino e compete com o masculino. As crianças ficam com a autoestima baixa, têm o fracasso como algo inevitável e desistem de lutar contra as situações difíceis.

O pai garanhão

Ele é um verdadeiro reprodutor. A mulher é vista como um objeto com quem ele possa curtir um sexo incrível. Filhos? Que venham… Isso não é problema dele. Quem tem é que deve cuidar.

Sedutor, falastrão, culto em alguns assuntos pré-selecionados (mas não inteligente), dependente, carente, apaixonado e vítima, ele sabe escolher suas vítimas: carentes, realizadas profissionalmente (em tese), já “passadas” da idade de se casar e ter filhos. Ele só tem coragem de romper uma relação quando já está com outro relacionamento assumido.

O garanhão abandona a mulher e o filho. Se ela não tem recursos, há um interminável processo judicial. Quem mais sofre com isso? A criança.

O pai depressivo

Ele é pessimista, negativista, inseguro, tem baixa autoestima, não encoraja os filhos a nada, é humilde demais e não se permite sonhar. Tem medo de correr riscos, o de errar e já vê o fracasso como algo inevitável. Querer algo, ter ambições é impossível para ele.

É infeliz, frustrado, invejoso e um resignado. Não tem interesse nem prazer por nada, está sempre cansado. Vive relembrando maus momentos (e que memória!).

Geralmente está doente ou com alguma dor. Gosta de se isolar e se queixa de solidão. Ninguém consegue conviver com uma pessoa tão autocentrada.

O pai tiranossauro

O pai tiranossauro é aquele que se impõe por intermédio do medo. Precisa esconder sua covardia, fragilidade e frustração numa imagem de homem forte, perfeito e poderoso.

É perfeccionista, portanto não suporta erros. É ansioso, portanto não tolera o desconhecido. É medroso, portanto precisa ter o controle sobre tudo e todos. É egoísta, portanto não vê o outro. É perseguido, portanto está sempre pronto para atacar. É vingativo, portanto não perdoa. É impulsivo, portanto suas reações são imprevisíveis. É ignorante, portanto não consegue se atualizar. É imediatista, portanto impaciente. É workaholic, portanto não prioriza a família. É um sofredor, portanto faz os outros sofrerem.

O pai Rocky Balboa

É um verdadeiro covarde. Usa a força e a agressividade para fazer valer sua autoridade e seu poder. Não tem piedade. Se justifica: dá apenas algumas palmadinhas. Mentira! Ele bate na cara, belisca, puxa a orelha, dá safanões, tudo isso acompanhado de agressões verbais e de castigos. Humilha o filho na frente dos amigos.

Se você age assim, abusa dos seus filhos. E isso é crime. Não venha me dizer que é assim que deve ser. Perpetuando esse círculo vicioso, você contribuirá com o aumento da violência e do uso de drogas.

O pai abusador

Pedofilia e abuso sexual infantil estão se revelando, deixando de ser segregados familiares. Uma em cada quatro meninas e um em cada seis meninos sofrem ou já sofreram alguma forma de abuso sexual.

O abuso pode se iniciar em qualquer idade, mas é comum que os pais comecem a abusar das filhas entre 4 e 5 anos e 10 e 12 anos.

O pai usuário social de drogas 

Vou falar diretamente a você, pai usuário de drogas que ainda não é considerado “um doente”. Que é fumante, dependente de medicamentos, usuário de álcool ou até de drogas ilícitas, mas de forma ocasional ou social (como vocês preferem dizer).

Você mostra que é assim que se resolvem os problemas. Os filhos se afastam, ficam preocupados e entram em pânico quando o fim de semana se aproxima.


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Papel do Pai

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