Criança

Menos atividade física deixa as crianças com poucas habilidades motoras

Murilo Amancio
Murilo Amancio

Publicado em 26/07/2016, às 14h02 por Redação Pais&Filhos


Quando você era pequeno, escalava árvores e fazia malabarismos no parquinho que nem consegue imaginar seu filho executando hoje, não é mesmo? Pensando bem, provavelmente, seu filho não ousaria tentar mesmo… Não é impressão. Diversos especialistas notam que os nascidos no século 21 dominam menos certas habilidades físicas.

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Prova disso é que acampamentos infantis já começam a tirar da grade de atividades desafios que fizeram a alegria de gerações. Um acampamento no interior de São Paulo desistiu de fazer a travessia de um rio com cipós, por exemplo. As crianças não conseguiam mais agarrá-los como fizeram seus pais.
Segundo os especialistas, as dificuldades se estendem a brincadeiras mais simples. Experimente atirar uma bola. Talvez a criança não consiga defender. Por não conseguir ou por estar proibida de fazê-lo. Nos Estados Unidos, por decisão da Federação Americana de Futebol, com objetivo de evitar processos movidos pelos pais, desde 1º de janeiro deste ano (2016), as crianças de até 10 anos estão proibidas de cabecear. Dos 11 aos 13 tudo bem, desde que nos jogos. No treino, só com moderação.
O fato de pais e mães hoje terem mais informações sobre riscos os leva a ser excessivamente cuidadosos. “Acho que nossas mães eram menos encanadas e nos deixavam livres para explorar. Meu filho gosta de subir em tudo, acho que é coisa de menino, mas tenho medo que ele caia e se machuque feio. A gente o leva muito ao parquinho e pra jogar bola, mas ele tem um pouco de medo de balanço, por exemplo”, conta Gabriela Miranda, mãe de Ben e Stella, autora do blog Bossa Mãe.

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Brincar lá fora é realmente cada vez mais difícil. Mesmo não tendo de atravessar um rio agarrado num cipó, o mundo parece perigoso demais até mesmo para cumprir o mínimo de 60 minutos de atividades físicas diárias recomendados pelos médicos. Contribuem para esse cenário a violência urbana e a popularização dos jogos eletrônicos, acessados não apenas via consoles de videogame, mas também nos computadores, tablets e smartphones.
Os especialistas estão preocupados. Por mais que nos impressionemos com a habilidade dos filhos com os jogos interativos, o excesso distorce o desenvolvimento cerebral e a coordenação psicomotora das crianças cada vez mais precocemente. É o que afirma um grupo de profissionais da área de saúde da Clínica de Adolescentes, no Rio, formada pela pediatra Evelyn Eisenstein, mãe de Domenica e Matheus, o neuropediatra Eduardo Jorge Custodio da Silva, pai de Eduardo e Fernando, a fisioterapeuta e especialista em RPG Denise Del Peloso, mãe da Luisa e do Vitor, e o pesquisador Fabricio Vasconcellos, do LABSAU (Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde) da UERJ.
Esse time descreve situações tão comuns quanto preocupantes. “A mãe de uma menina de 2 anos se queixava, na consulta, de que a filha não andava direito nem sabia correr… Essa mãe trabalhava em casa e colocava a menina no carrinho, pois a garota gostava de ver a Peppa Pig na TV. A filha ficava quietinha e até dormia e comia enquanto isso.” A orientação dos profissionais foi deixar a criança no chão da sala cercada por brinquedos coloridos e de montar. O interessante foi ver que, aos poucos, a criança foi sendo estimulada e melhorou todo o seu desenvolvimento psicomotor e coordenação.

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O ortopedista clínico e cirurgião Raul Bauab Filho, pai de Carolina e Isabela, explica que o sedentarismo agrava a “síndrome da criança desajeitada”, também conhecida como Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) ou Dispraxia Motora.

“Temos utilizado cada vez menos o corpo para nos movimentarmos. Pouco caminhamos, explorando rotas. Tudo isso interfere negativamente na orientação espacial”, diz a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano, mãe de Alice e Mateus. As crianças costumam ficar mais em casa nas horas de lazer, pouco correm ou pulam – e muito menos praticam aquelas brincadeiras que envolvem esses movimentos (pega-
pega, esconde-esconde, pular corda). Toda essa limitação prejudica a coordenação motora ampla.

Por sua vez, o hábito de ficar sentado no sofá, em frente à TV ou outras telas, atrapalha o desenvolvimento da coordenação motora fina. “Hoje, a criança ‘veste’ uma boneca na tela do tablet. O dedo vai e volta. Vestir a boneca real exige uma sequência de movimentos mais elaborados. Muitos brinquedos já vêm prontos. Antigamente, as crianças tinham de montá-los, usando de vários recursos motores para isso. Hoje, basta tirar da caixa”, explica a psicopedagoga.

Telinha quente
Os pediatras aconselham postergar o acesso a telas para depois dos 2 anos e limitá-lo a duas horas por dia, o que hoje não é o que acontece. As crianças brasileiras são as que mais assistem TV no mundo.

Esse tempo tem subido constantemente. Entre 2004 e 2014, foi registrado um aumento de 52 minutos, chegando a 5h35 por dia em 2015, dado medido pelo Ibope Media. E isso considerando apenas TV aberta e fechada, sem contar os programas assistidos sob demanda. É muita coisa.

Antigamente era quase natural as crianças se engajarem em atividades físicas. Para ter uma ideia, nossas mães não se lembram de dar ordens para que os filhos brincassem. Aliás, quando pensamos em criança e brincadeiras vem na cabeça que é uma coisa básica na infância. Hoje isso requer um esforço consciente de pais e mães.

“Os meninos trocam tudo pelo Xbox e o iPad, e o que era pra ser natural virou algo negociado”, conta a produtora e pesquisadora de elenco Dani Branco, mãe de dois meninos, um de 7 e um de 11 anos. Ela diz que precisa sugerir atividades como andar de skate ou pedalar. A resposta, muitas vezes, é um sonoro “nãoooo” meio gemido, como se isso fosse um martírio. E não tem a ver com exemplo dos pais. “Curto sair, passear, ando de skate, faço snowboard e, para eles, parece chato”, lamenta.

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Ela descreve uma cena cada vez mais típica nas casas brasileiras: as crianças até descem para jogar bola quando os amigos chamam, mas, passados alguns minutos, já interfonam pedindo pra trocar o futebol pelos joguinhos. “Às vezes proíbo jogos eletrônicos aos sábados ou domingos e tem dias que escuto: ‘Mamãe, estou entediado, o que posso fazer?’ Respondo: ‘Não sei, use sua imaginação!’”

Faz parte
O desenvolvimento saudável, mental e emocional, além do corporal, acontece a cada momento da interação verdadeira, o melhor estímulo da humanidade. Sem brincar em um espaço grande, com outras crianças, cair e ralar o joelho, seu filho não terá cicatrizes, mas também não terá memórias de infância.

Especialistas da Clínica de Adolescentes defendem que nós pais das áreas urbanas precisamos estimular os filhos a participar de atividades que não dependam de aparelhos: correr, saltar, rastejar, entre outras.

Toda essa brincadeira prepara nossos filhos para que, no futuro, consigam realizar atividades básicas, como cozinhar, atravessar a rua, dirigir o carro, e ajudam no desenvolvimento da personalidade, melhorando a autoconfiança. Eles lembram que, para os pais de bebês ou crianças de até 6 anos, o direito de brincar com proteção e segurança é assegurado em lei, pela Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas.

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*Por Larissa Purvini, mãe de Carol, Duda e Babi


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