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Tem que verticalizar para se ver horizonte

Imagem Tem que verticalizar para se ver horizonte

Publicado em 24/11/2013, às 22h00 por Tatiana Schunck


Depois que meu filho nasceu, eu enlouqueci de diferentes formas, não posso deixar de dizer que ‘desci para terra’. Esse é um tipo de loucura: quando se percebe que os pés não ultrapassam o chão firme. Antes, eu nem o via direito, passava reto e ia parar lá no buraco vermelho onde nascem os vulcões… Não só o corpo grávido pesa para o chão, mas a estrutura psíquica também. Primeiro, fiquei no nebuloso mundo dos ares, depois, mergulhei em águas profundas, depois ainda, saía das águas e ficava na superfície terrena olhando as águas que acabavam de me banhar. Sabe aquela sensação de um corpo molhado que fica arrepiado pela brisa que o atravessa quando sai da água? Nessa hora, você decide se volta para a água ou se pega uma toalha para se secar e se abraça forte tremendo um pouco de frio gostoso. Então, quando se é mãe, sai da água, fica a beira-mar, sente o frio arrepiar e não há toalha para se secar. Ser mãe é ficar em pé arrepiada a secar ou mergulhar de volta ao submundo.

O que eu quero dizer com toda essa história é que o filho gera uma necessidade estimulante de se ser quem se é. Parece besteira, não? Piegas… Mas, de fato, um filho pode gerar um tipo de urgência misturada com sabedoria (e não ansiedade, pelo amor dos deuses, hein?…). Porque é um tipo de urgência de vida, um tipo de berlinda onde a pessoa tem a chance de acender uma luz, volta e meia, para ver quem é. E também consegue ver, ou melhor, não consegue deixar de ver aquilo que esta pessoa se tornou durante todos os seus anos de vida que não são ela mesma, mas que se insiste em continuar sendo para dar conta de se afastar daquilo que se é. Louco isso, não? Pois é, a gente parece viver numa tentativa de se afastar mais e mais daquilo que somos em potência. Aí, quando vem o filho, para algumas pessoas que se desejam ser, aí está uma grande chance de abrir mão de um monte de ‘eus’ que já não contam mais quem és.

Por isso eu digo que se verticaliza para se ver horizonte, sem verticalizar não é possível horizontalizar. O horizonte não está dado, como muitas vezes pensamos que está. O horizonte, esse lugar das relações interpessoais no mundo, só existe, de fato, quando o criamos a partir da nossa postura vertical. Eu queria poder desenhar aqui o que estou querendo dizer. Mas se puder, veja daí: olhe para seus pés e vá subindo pelo seu corpo de baixo para cima, devagar. Quando chegar ao centro do peito, lentamente vá olhando para o que está posto à sua frente e observe.


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